Arquivo para 16 de dezembro de 2008

16
dez
08

Livro do Prof João Pierre !

Lançado no último dia 12 de Dezembro, aqui em Crato o livro do Prof João Teófilo Pierre : “Museu de Arte do Crato Vicente Leite e Outros Temas”. O professor João Pierre é um dos mais renomados intelectuais cearenses e traz uma valiosíssima contribuição na história do nosso Museu do qual foi fundador . Não bastasse isto, o livro traz todo um capítulo dedicado aos Salões de Outubro, movimento cultural caririense, dos anos 70, que envolveu toda a vanguarda artística da época, a maior parte dos seus integrantes ainda profundamente inserida em todos os movimentos de resistência cultural da nossa região. Em um crítico momento da nossa história, quando o nosso Museu se encontra totalmente sucateado e depredado, o livro do Prof João Pierre, desvenda a importância daquela instituição e o desvelo com que foi construído. Este trabalho seminal , quem sabe, fortalecerá nossas forças para a reconstrução e reforma de um dos maiores patrimônios da nossa cidade. Que tal começarmos tudo com a compra do livro ?
16
dez
08

E me vem você com poesia numa hora desta?

“O mundo é muito belo sob o olhar entorpecido da poesia!
A poesia é como uma injeção de Diazepam,
faz você ver as desgraças de modo lindo.
S
ó funciona como poesia mesmo.
No mundo real, a coisa é bem diferente.
E se não houvesse celular ?”

( Dihelson Mendonça )


E se a incerteza discar teu número e
teu olhar de dúvidas se turvar no redemoinho
do que poderia e não foi
ou do sabido e não conhecido?

E se a necessidade destas notas musiciais que
soltastes nas tuas práticas de amor
pelas transversais capilares daqueles leitos e concertos,
qual movimento salvarias da inanição
com a audiência de um simples toque?

E se não houvesse a identificação?
E se não houvesse o celular?
Veja tu que tão somente regras para instrumentos,
enquantos nós,
deste lado de cá da linha,
nem um suspiro ouviremos.

Ao que ainda mais perplexo,
uma ligação não identificada:

Como já dizia Mitonho:
se o mundo fosse de poesia,
a neurastenia não seria matéria do comportamento.

Mas se pelos detalhes fossem notas musicais
aquilo do mundo de relação,
ouviríamos uma música metálica e irritante que
tu mesmo escolheu em teclados minúsculos,
só para deblaterar contra a poesia
e os poetas benzodiazepínicos.

Como já dizia seu Lunga:
ainda me vens com poesia?

José do Vale Feitosa

16
dez
08

Poema Pomposo Para o Policial Nijair Pinto

[ Dedicado ao poeta Nijair Pinto ]
– Poema pra ler com a boca cheia de farofa –

Nijair Pinto, pomposo poeta, pinta pitorescas paisagens
cheias de Pintassilgos piantes em poemas palacianos

Passando perto desses pássaros
paro pra pensar nas parcas
possibilidades destes pobres pintassilgos
poderem parir outros tantos pintos como Nijair assim os pinta

Pode acaso o peito patriota do poeta
apontar poemas cuja plumagem pareçam pássaros pintos ?
Podem as pedras parirem pães ?
Pode acaso do porto prisoneiro
o navio pesqueiro aportar perene em positivas peripécias ?

Decerto que não!
Do impoluto peito do policial
que puxa da pistola na periferia
ao permissível perímetro pulsante do planeta,
postam também nos pútrefos papiros,
os pianistas as suas partituras poéticas,
a privar o povo do processo precário de nunca poder pautar
a sua própria pompa nos preciosos pátios
das primaveras prateadas de Paris…

Por isso pinto o Nijair à minha própria maneira e partitura,
pontilhando pingos de tinta preta que respingam
aqui e acolá no papel pautado podre

Procurando poder pensar sempre
que no poder das palavras permanente
passam os sonhos do pássaro mais extinto
é que os pobres pintassilgos ainda piam
enquanto nas noites plúmbeas, rodopiam
na pluma e na pena… do Nijair Pinto

Por: Dihelson Mendonça
( Acho que a fumaça do lixo me intoxicou )
.

16
dez
08

Denuncie a Poluição Sonora – Ajude a Combater este Mal !


Campanha para Combate à Poluição Sonora !


DENUNCIE ! Não se deixe abater pelos Infratores e gente sem educação. Ajude a combater a Poluição Sonora da nossa cidade, denunciando abusos:

– Secretaria de Meio Ambiente: 3521-9409
– Semace: 3102-1288

– Polícia Militar.

Este pedido é do próprio Secretário do Meio-Ambiente e tem todo o apoio do Blog do Crato e da Rede Blogs do Cariri, que conta com mais de 30 websites Caririenses e mais de 25.000 visitas mensais. Respeitar os direitos das pessoas também é uma questão de cidadania ! Todos têm direito à PAZ.

Dihelson Mendonça
.

16
dez
08

O Apagador de Monturos

.
As mãos que tocam uma Sonata de Chopin
hoje empunharam um balde
Mãos que antes estudavam 10 horas por dia
hoje ficaram cheias de calos tentando apagar fogo
– de monturo – dos idiotas da cidade.
As mãos que hora após hora buscavam
a independência dos dedos
Hoje empunharam uma pá
Os olhos e ouvidos para uma partitura
hoje se encheram de fumaça
e os pulmões que antes respiravam música
hoje se intoxicaram de lixo

Mas as mãos que apertam teclas,
tambem sabem apertar gatilhos
Mãos que seguram bebês
Também sabem estrangular os canalhas do mundo
Bocas que entoam cânticos de paz
Também sabem bradar a guerra quando necessário
E olhos que contemplam a natureza
Também sabem denunciar,
E as mesmas mãos que salvam vidas
Também são capazes de afundar o crânio das larvas
As mãos que afagam os cabelos da amada
também sabem destruir
E as mãos que seguram hoje baldes para apagar o fogo
Também podem tocar fogo nesta cidade imbecil
Como Nero fez em Roma !

Dihelson Mendonça

16
dez
08

Ele era feliz e não sabia


Menino muito pequeno ainda , acostumado a ir a escola a pé, levar lanche na “merendeira” , fazer aula de educação física no período da tarde – sem a menor possibilidade de apresentar um “atestado de trabalho” e conseqüentemente ser dispensado dessa importante atividade. Chamava a professora pelo nome e não de “prô”, conhecia o nome completo do diretor da escola, inclusive seu endereço, temia e respeitava o inspetor de aluno, aquela figura que quando avistava, fugia como o diabo foge da cruz.

Finais de semana era uma festa , reunia a família, quando era possível passeio ao clube ,não sendo, os pais tratavam de reunir toda a prole e almoçavam todos juntos (sem a televisão ligada).Durante a refeição as conversas eram colocadas em dia, perguntava-se desde o rendimento escolar até as paqueras mais recentes, em caso de informação incorreta, ou omissão como queiram alguns, os outros irmãos acabavam por dedurar aquele infeliz desavisado.

Entretanto, hoje ele vive o revés de tudo aquilo que um dia considerou “chato”, ultrapassado, ou como diria o francês “dépassé” , e esse sentimento vem acompanhado de , além de muita saudade, uma sensação imensa de ter sido ingrato , ingrato com os pais – por não lhes ter compreendidos plenamente – ingrato com o local em que vivenciou tudo isso, por achar que era o pior dos piores, ingratidão com ele mesmo, pensando que era o maior culpado, e acima de tudo ingratidão com a vida, por entender que ela poderia ter sido mais benevolente.

Acreditando que para lograr os objetivos imaginados fez-se necessário tomar algumas decisões, sendo assim deixa-se o purgatório (ou aquilo que ele imaginava ser) , vai em direção ao éden (ou aquilo que ele pensava ser), achando muito distante, talvez inalcançável, todavia é lá que esta o tesouro escondido. Aporta em um novo mundo, com seres diferentes – em todos os sentidos – insiste, reluta, procura abrigo , palavras, compreensão, carinho, pede-se tudo, nada ganha.

A vida melhora, as coisas se aquietam, o futuro brilha um pouco mais forte, a esperança rodeia a mente ainda um pouco desacreditada, um novo lar começa, uma nova vida nasce, a expectativa renasce das cinzas, cinzas fáceis de encontrar por essas bandas agora. Dedicação total ao trabalho, somente assim poder-se-á esquecer as agruras da vida, as lembranças de uma vida deixada no pretérito, quem sabe devem ficar exatamente no pretérito. Junta-se bens, acumula-os, provável esteja ai a justificativa de tanto sofrimento: sofri, mais venci!!!!!!

Hoje ele mira o horizonte na expectativa de encontrar àquele local em que um dia foi muito feliz, na esperança de localizar a querida professora, ou aquele clube familiar em que as águas da piscina mais pareciam com uma nascente recém descoberta, procura-se a mesa para reunir a família, busca as conversas, ensaia uma caminhada nas principais ruas depois de uma noite de festa, buscando uma porta aberta de um “café” onde fosse possível tomar um “caldo de carne” , revigorando as forças, entretanto, não se vê nada, vê-se apenas uma montanha íngreme, quase não se enxerga o seu topo – deve ser as cinzas que não permitem – quem sabe atrás dessa montanha não esteja aquele lugar, com aquelas pessoas, com aquela vida , com aqueles sentimentos…..

16
dez
08

.:.
Clique na foto e leia a poesia.

Grato!

16
dez
08

Solfejos – Para Dihelson

Quando atingimos um determinado estágio da vida, descobrimos que cruzamos várias idades. Não aquela idade cronológica, ano a ano, mas idades marcadas por lembranças mais ou menos agudas, mais ou menos marcantes. Diante disso, por mais que eu retroceda no tempo, minha memória flagra sempre a presença da música como uma constante em todos os meus dias. Meus pais não foram músicos, mas amavam a música e fui crescendo nesse panorama musical, mergulhada num mar de sons e melodias de toda natureza. Isso tudo produziu em mim um anseio latente que ainda hoje vejo (quase) sem solução.

Sempre sonhei tocar um instrumento. Minha avó Huguette tocava piano. Aprendera na Inglaterra onde passara um período de sua vida, quando da I Guerra Mundial (de 1914). De lá ou de cá, trouxe, então, para mim essa aspiração nunca realizada de fato. Não que eu não tenha tentado, porém, creio que o destino ou o acaso, (ou seja lá como chamem essas coisas que se atravessam em nossa vida), sempre conspiraram contra essa minha realização maior. Lembro-me do meu namoro com o piano. Da minha facilidade intuitiva de encontrar as notas em seu teclado. Certo, eu martirizava os ouvidos das pessoas tentando encontrar o tom certo, pois sentia a musicalidade fina em meu íntimo. O piano, porém, não era meu. Estava na casa de Dr. Jefferson de Albuquerque e Diana (sua filha) era a intérprete e ouvinte principal desses meus ensaios.

Meus pais perceberam que eu precisava da música. Eu queria tocar todo o dia, porque toda a gente tocava naquele piano, uns a estudar escalas para cima e para baixo (o que era muito chato de ouvir…) e outros a aperfeiçoarem as músicas já conhecidas, a dar-lhes mais cor, mais sentimento, mais perfeição. Eu queria ser igual, queria viver a música. Até estudei piano por pouco tempo com Diana, mas logo ela se casou interrompendo meu idílio e meus pendores musicais.

Muitas outras vezes, pensei em juntar ao teclado a minha avó nos graves, Diana no centro e eu nos agudos, mas eu só tinha uns 8 anos, e não conseguia ainda tocar por música. Era um sonho que hoje vejo ser grande demais para a idade que eu tinha. Pensar nisso agora me faz lembrar de detalhes. Seriam 30 dedos a tocar…era muito dedo junto! Dedos rodopiando sobre o teclado e até, em algumas passagens, me pus a imaginar a troca de mãos e braços, provocando ansiedade e muita confusão… Em minha mente, aquilo era mesmo assim e hoje eu até acho graça e me penalizo por não ter insistido nesse ideal, pois onde havia música eu sempre me achava por perto, prestando muita atenção àquilo que tocavam, queria absorver a essência e impregnar-me das melodias, mesmo sem entender nadinha de música…
Diana me havia dado algumas explicações sobre as pautas e que notas queriam dizer aquelas “bolinhas” que estavam em cima da “pauta”. Cada nota era mais uma palavra para aprender… Aqui é o DÓ, aqui é o RÉ, aqui é o dó Sustenido (outra palavra a aprender e que era meio tom, entre o DÓ e o RÉ) e eu já sabia que depois de contar 8 teclas, lá voltava a ser dó novamente, mas aquilo que ela me dizia, era ser uma OITAVA acima e quando contava para o lado dos graves, era uma oitava para baixo… Assim, se tocasse o RÉ e se desejasse baixar meio tom, aquela tecla preta, que era o Sustenido do DÓ, agora se chamava o BEMOL de RÉ. A certa altura, mesmo sem olhar para as “bolinhas” eu já conseguia tocar alguma coisa, qualquer coisa nas teclas do piano… E, brincando, brincando, comecei a treinar e percebi que com as mesmas notas podia até tocar outras músicas… e que teria de respeitar as pausas. E, olha, que eu nem chegava aos pedais do piano, era Diana que os pisava e largava.
Às tantas, eu já nem olhava a pauta, porque já tinha a música de cor e até salteada… O som era, por certo, para mim um ungüento para a alma e os tons menores completamente diferentes e muito mais agradáveis para o meu ouvido. Fui crescendo e nunca quis estragar essa afinação… Quedei-me quieta, ao pé de um piano que nunca tive…

Uns anos mais tarde, já com uns 14 ou 15 anos, aventurei-me a estudar violão. O grande Nélio foi meu professor. As aulas aconteciam no auditório da Rádio Educadora numa das saletas frontais do prédio. Estudavam comigo, Gracinha Pinheiro, irmã de Glória, e João Roberto de Pinho. A teoria me foi passada por Divani Cabral. Foi meu primeiro contato com os valores verdadeiros das mínimas e semínimas, das colcheias e semicolcheias, das fusas e semifusas (eu não ficava confusa). E não posso me esquecer dos solfejos: dó-ré-mi-ré-do-ré-mi-fá-mi-fá-sol-fá-mi… Depois, foi tempo de vestibular, faculdade, casamento, filhas, vida, dor, solidão. A música, porém, foi sempre presença e bálsamo, como uma “doença” que nunca mais me passou… A música e todas aquelas notas naturais, seus meios tons, a música e seus respectivos acordes, lembranças que me trazem hoje as lágrimas aos olhos de tão lindos que são…

Texto por Claude Bloc

16
dez
08

AMOR DECLARADO

Por A. Morais
A nossa união foi o meio que encontramos para sermos plenamente felizes. Com a benção de Monsenhor Raimundo Augusto, num 15 de Dezembro do meado da década de 70, iniciamos uma nova família para estimular a continuidade da principal obra criada por Deus. Tudo certinho, Ela gênio forte, muito franca, cara dura, as vezes enfezada e Eu tranqüilo, sereno, sobranceiro, era o peso e a medida certas.
Nesses anos todos, quando houve algum desentendimento, mui raro, mas houve, Ela triste, silenciosa, com os olhinhos nadando nagua ficava solitária num quarto. Aquilo eu via só Deus sabe como, mas aguardava o momento mais bacana, um domingo predileto, e depois de uma boa musica, me aproximava Dela e era um novo nascer de uma lua de mel, onde se fazia as pazes, doces e francas.
E com essas pazes doces e francas, hoje somos 10, os filhos Claudia, Ana, Ernesto, Jose André, Ana Claudia, somados aos genros Eudes e Menezes, aos netos Ana Thais, João Pedro e o Aluízio que está para chegar.
Se eu tivesse que eleger o que mais contribui para nossa felicidade diria sem a menor duvida: compreensão, respeito mutuo, saber ouvir, fingir que não viu e ouvir uma boa musica para eternizar os momentos felizes. “Amor só não basta”. Uma das nossas prediletas:

16
dez
08

História de Crato (1)

Por
Armando Lopes Rafael

Vista parcial de Crato (bairro Ossian Araripe e início do Parque Grangeiro)

O Vale do Cariri
A cidade do Crato está localizada numa das regiões mais bonitas do Nordeste brasileiro: o Vale do Cariri, Sul do Estado do Ceará. A maioria dos historiadores opina que o povoamento deste vale pelo colonizador branco começou no início do século XVIII, ou mesmo no findar do século XVII. Atraídos pela fertilidade do solo, exuberância da vegetação e abundância dos mananciais d’água existentes nestes rincões, criadores de gado provenientes da Bahia e Sergipe del Rey trouxeram a esta região seus rebanhos e aqui construíram os primeiros currais. No Cariri eles já encontraram os primitivos habitantes da região, os indígenas da etnia cariri, espalhados por diversas aldeias, que emprestaram seu nome para denominar esta região.
Como tudo começou
Por volta de 1741, surgem os primeiros registros de um aldeamento dos índios Cariús, pertencentes ao grupo silvícola Cariri. Era a Missão do Miranda, fundada por Frei Carlos Maria de Ferrara, religioso franciscano, nascido na Itália. Este frade ergueu, no centro da Missão, uma humilde capelinha de taipa (paredes feitas de barro) coberta com folhas de palmeiras, árvores abundantes na região. O santuário foi dedicado, de maneira especial, a Nossa Senhora da Penha, a São Fidelis de Sigmaringa e à Santíssima Trindade. Até 1745 a imagem da Mãe do Belo Amor (foto ao lado) foi venerada na capelinha de Frei Carlos.Em volta da capelinha, ficavam as palhoças dos índios. Estes, além de cuidarem das plantações rudimentares, recebiam os incipientes ensinamentos da fé católica, ministrados por Frei Carlos. Aos poucos, nas imediações da Missão, elementos brancos foram construindo suas casas. Era o início da atual cidade do Crato. Não padece dúvidas de que o fundador do Crato foi o Frei Carlos Maria de Ferrara.
Vila Real do Crato
Em 21 de junho de 1764, a Missão do Miranda foi elevada à categoria de Vila, tendo seu nome mudado para Vila Real do Crato, em homenagem à homônima existente no Alentejo português. Com isso se cumpria o Aviso de 17 de junho de 1762, dirigido pela Secretaria dos Negócios Ultramarinos ao Governador de Pernambuco. Mencionado aviso autorizava o governador a criar novas vilas no Ceará, recomendando, entretanto, substituir a denominação dos povoados com nomes de localidades existentes em Portugal. A partir daí, a Vila Real do Crato foi trilhando a senda do processo civilizatório, sempre inspirado no que vinha de bom do Reino, ou seja, do que chegava da metrópole portuguesa. A marca do pioneirismo passaria a caracterizar a existência de Crato, como veremos nas postagens seguintes.