Mesopotâmia é uma palavra grega que significa “localizada entre dois rios”. Mas o seu verdadeiro significado é o geográfico. Uma grande planície que recebe diversos rios nascidos nos monte Zagros a nordeste e Pôntico a norte e nos planaltos da Anatólia e da Armênia. Lá nasceram civilizações tão remotas, verdadeiras incubadoras da própria noção de civilização. A mesopotâmia forma, junto com o vale do Nilo e o do Indo, as mais remotas civilizações que formaram impérios em bacias hidrográficas. A civilização chinesa um pouco depois, igualmente fundadora e antiga, entre os rios amarelo e azul.
Algumas das contribuições da Mesopotâmia: a roda, vidro, o sal, cunhagem de moedas, matemática, o alfabeto, calendários, bronze, ferro, monoteísmo, poesia épica, cultivo e irrigação. Seus povos fundadores de cultura e civilizações: Sumerianos, Acadianos, Caldeus, os Hititas, Babilônios, Israelitas, Fenícios, Lídios, Hurritas, Mitani, Urartu, Assírios e os Persas.
Seus valores culturais: arte da Mesopotâmia é tão diversa quanto as civilizações que habitaram a área. A arte tornou-se decorativa, estilizada e convencional. Os deuses eram seres humanos combinados com os animais, criaturas fantásticas. A arte comemorou as realizações de grandes homens. Os grandes templos e os palácios imponentes pontilharam a paisagem. A edificação mais importante foram os Zigurates. O homem gravou suas histórias e a poesia pela primeira vez e ajustou-os à música. Liras, instrumentos de sopro, harpas e os cilindros de percussão acompanharam suas canções e danças.
No mundo politeísta, o esforço de tradução da escrita cuneiforme sumeriana descobriu tesouros da cultura mundial. Uma das orações mais fantásticas foi a desenvolvida para cada deus. É uma obra prima do abraço ao mundo. Quem a pratica espalha o tiro com milhares de chumbo. Quer resolver qualquer pecado, para qualquer deus ou deusa conhecidos e até os desconhecidos a quem tenha ofendido. Quer o perdão para todo e qualquer pecado que inclusive ele desconheça que pecado o seja. Quer que o deus e a deusa saibam das fraquezas humana e leve isso em consideração. Quer Afinal se despir de seus pecados como se despe de uma roupa.
É possível que nenhuma civilização lá no fundo dos tempos ou nos trás-os-montes do distante futuro, jamais venha a criar uma oração aos deuses e deusas tão perfeita para modernidade como fizeram os Sumérios. Vejam como é perfeita para o Governo Bush e o atoleiro em que submeteu Iraquianos e Americanos.
para cada deus
Que a fúria do coração do meu senhor aquiete-se para mim.
Que o deus desconhecido aquiete-se para mim;
Que a deusa desconhecida aquiete-se para mim.
Que o deus conhecido e o desconhecido aquiete-se para mim;
Que a deusa conhecida e a desconhecida aquiete-se para mim,
Que o coração de meu deus aquiete-se para mim;
Que o coração de minha deusa aquiete-se para mim.
Que meu deus e deusa aquietem-se para mim.
Que o deus que ficou zangado comigo aquiete-se para mim,
Que a deusa que ficou zangada comigo aquiete-se para mim.
Na minha ignorância, comi o que foi proibido pelo meu deus;
Na minha ignorância, pus os pés naquilo proibido por meu deus.
Ó senhor, minhas transgressões são muitas; grandes são meus pecados.
Ó meu deus, minhas transgressões são muitas; grandes são meus pecados.
Ó minha deusa, minhas transgressões são muitas; grandes são meus pecados.
Ó deus que eu conheço ou não conheço, minhas transgressões são muitas; grandes são meus pecados;
Ó deusa que eu conheço ou não conheço, minhas transgressões são muitas; grandes são meus pecados;
A transgressão que tenho cometido, de fato não sei;
O pecado que tenho realizado, de fato não sei.
A coisa proibida que eu tenha comido, de fato não sei;
O lugar proibido em que eu pus o pé, de fato não sei;
O senhor com cólera em seu coração, olhou-me;
O deus com fúria em seu coração confrontou-me;
Quando a deusa estava com raiva de mim, tornou-me doente.
O deus quem eu conheço ou não conheço, tem-me oprimido;
A deusas que eu conheço ou não conheço, colocou o sofrimento sobre mim.
Embora eu esteja constantemente procurando ajuda, não me pega a mão;
Quando eu choro eles não vêm ao meu lado.
Eu pronuncio lamentos, mas ninguém me ouve;
Eu tenho problemas; sou oprimido, eu não posso ver.
Ó meu deus, o misericordioso, eu dirijo-me ao ti ao orar, sempre se incline para mim;
Eu beijo os pés da minha deusa, rastejo ante ti.
Quanto tempo, ó minha deusa, que eu conheço ou não conheço, observo que teu coração hostil será aquietado?
O homem é idiota; ele não sabe nada;
Humanidade, tudo que existe porque ele conhece?
Se está cometendo pecando ou fazendo o bem, ele não sabe mesmo.
0 meu senhor, não lance teu empregado para baixo;
Ele afunda nas águas de um pântano, tire-o pela mão.
O pecado que pratiquei, gira em torno da deusa;
A transgressão que eu cometi, deixe o vento levar;
Minhas inúmeras más ações, dispo-as feito roupas.
Ó meu deus, minhas transgressões são sete vezes sete; remova minhas transgressões,
Ó minha deusa minhas transgressões são sete vezes sete; remova minhas transgressões;
Ó deus que eu conheço ou não conheço, minhas transgressões são sete vezes sete; remova-as;
Ó deusa que eu conheço ou não conheço, minhas transgressões são sete vezes sete; remova-as.
Remova minhas transgressões e eu cantarei em teu louvor.
Que teu coração, como o coração de uma mãe real, aquiete-se para mim;
Como uma mãe real e um pai real pode ele aquietar-se para mim.
Tradução por Ferris J. Stephens, nos textos orientais próximos antigos (Princeton, 1950), PP. 391-2; reimpresso em Isaac Mendelsohn (ed.), religiões do oriente próximo antigo , biblioteca da série do paperbook da religião (York novo, X 1955 PP. 175-,7).